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Caças Sukhoi Su-27 da Ucrânia estão usando mísseis antirradar norte-americanos

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Em agosto, imagens confirmaram que caças Mikoyan-Gurevich MiG-29 Fulcrum ucranianos estavam usando mísseis antirradar dos EUA contra a Rússia. Agora, uma nova foto pode mostrar que os mesmos mísseis também foram integrados em outro jato de origem russa, o Sukhoi Su-27. 

A foto começou a circular nas redes sociais através de um grupo no aplicativo Telegram, e mostra um Su-27S Flanker-B da Força Aérea Ucraniana (UAF), visto de baixo para cima. O caça está armado com seis mísseis, sendo dois R-27 nos cabides das entradas de ar e dois R-73 nas asas, ambos modelos para derrubar outros aviões (Ar-Ar)

Entretanto, os outros mísseis, carregados nas asas ao lados dos R-73, foram identificados como dois AGM-88 HARM (High speed Anti Radiation Missile), o mesmo modelo fabricado nos EUA e que foi integrado aos MiG-29.

O AGM-88 é um míssil antirradar (também chamado de antirradiação), cuja principal função é neutralizar radares de baterias antiaéreas, em um tipo de missão chamada Supressão de Defesas Aéreas Inimigas (SEAD). 

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Três jatos EA-18G do esquadrão VAQ-209 Star Warriors disparando mísseis AGM-88B HARM simultaneamente. Foto: N. Jordan/US Navy.

 

A trama dos mísseis norte-americanos na Ucrânia começou há pouco mais de um mês, quando destroços do armamento foram encontrados perto de uma posição russa. Dois dias depois, Washington confirmou que havia doado mísseis antirradar aos ucranianos, mas sem especificar o modelo. Posteriormente, o Pentágono finalmente admitiu que os mísseis AGM-88 foram repassados aos ucranianos e ainda integrados aos MiG-29

No final de agosto a própria UAF publicou um vídeo em homenagem a um piloto de caça morto em combate. Nas imagens foi possível ver, pela primeira vez, os MiG-29 empregando os AGM-88 em combate

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Com um ursinho de pelúcia no painel, o piloto ucraniano ‘Ivan’ dispara um míssil antirradar AGM-88 HARM de seu MiG-29 Fulcrum.

Ainda que a nova foto não esteja na melhor qualidade, é possível ver a silhueta dos dois AGM-88 nas asas do Sukhoi Su-27. Mas assim como no caso do MiG-29, ainda não está claro como EUA e Ucrânia trabalharam para integrar mísseis ocidentais em uma plataforma de origem soviética. 

Apesar de já ter ocorrido no passado em países como IrãFinlândia e África do Sul, por exemplo, a integração entre armamentos e aeronaves ocidentais e orientais é incomum e raramente acontece

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Sukhoi Su-27UB da Ucrânia. Foto: Chris Lofting via Wikimedia.

As aeronaves dos EUA tem displays multifuncionais onde o piloto seleciona o míssil e os parâmetros de engajamento. Porém, os MiG-29 e Su-27 ucranianos, ainda que atualizados em algum nível, apresentam um painel completamente analógico. Além disso, o míssil precisa de uma interface para “conversar” com os sistemas da aeronave lançadora. 

O vídeo do MiG-29 mostra que um tablet e um GPS Garmin foram instalados no cockpit, na frente e ao lado do HUD, respectivamente. O mesmo pode ter sido feito no Su-27. 

Míssil antirradar AGM-88E AARGM. Foto: David Monniaux (CC BY-SA 3.0)

Segundo analistas do site The Aviationist, um tablet conectado ao AGM-88 poderia ser usado para a seleção de alvos, com o míssil atuando no modo sensor. Nesse tipo de operação, o sensor do AGM-88 recebe e mostra ao piloto os sinais de radar que estão sendo captados no momento. 

“Outro modo poderia ser o modo Pre-Briefed, porém não parece muito prático em um campo de batalha em rápida evolução, pois a posição do radar inimigo é programada no solo e não pode mais ser alterada pelo piloto quando a aeronave decola.”

O portal também nota que os mísseis antirradar foram carregados diretamente nos trilhos APU-470, usados como interface e plataforma de disparo para os mísseis R-27.

MiG-29G da Luftwaffe disparando um míssil R-27R, designado AA-10 Alamo na OTAN. Foto: Michael Ammons/USAF.

Na integração, EUA e Ucrânia conseguiram fazer com que o AGM-88 fosse reconhecido pelo MiG-29 como sendo um R-27EP, uma versão antirradar do míssil, que se orienta através de sinais de radares de outras aeronaves (ou seja, ainda é um míssil ar-ar). 

“Isso significa que o Fulcrum e o Flanker estão usando seus próprios aviônicos sem modificações para disparar o míssil fabricado nos EUA, mesmo que em uma função ar-terra em vez da função ar-ar para a qual esse modo aviônico foi projetado”, aponta o site. 

O AGM-88 foi desenvolvido pela Texas Instruments (atual Raytheon) na década de 1980 para substituir os mísseis AGM-45 Shrike e AGM-78 Standard ARM.

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Míssil antirradar AGM-88E AARGM. Foto: David Monniaux (CC BY-SA 3.0)

O HARM recebeu atualizações ao longo dos anos para se manter relevante com a modernização das ameaças, e hoje é operado a partir de caças F-16, F/A-18 e EA-18 na sua versão mais nova em serviço, AGM-88E Advanced Antiradiation Guided Missile (AARGM). 

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: Míssil antirradar, SU-27, Ucrânia, usaexport