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EUA acelera envio de bombas nucleares modernizadas para a Europa

Caça stealth F-35 lançando uma versão de ensaios da bomba nuclear tática B61-12.

Enquanto o mundo vive tensões talvez até maiores que as da Guerra Fria, os Estados Unidos decidiram antecipar a implantação de bombas nucleares B61-12 modernizadas na Europa.

A informação, segundo o Politico, é de três fontes ligadas à questão. A implantação estava programada para ocorrer entre março e junho de 2023, mas foi adiantada para dezembro deste ano. Apesar da chegada da versão modernizada – chamada B61-12 ou B61 Mod. 12 – já ser aguardada, a antecipação da implantação das bombas acontece ao mesmo tempo em que o presidente russo Vladimir Putin tem ameaçado o uso de armas nucleares contra a OTAN e Ucrânia. 

Versão de testes da bomba nuclear tática B61 lançada por um caça-bombardeiro F-15E Strike Eagle da Força Aérea dos EUA
F-15E lançando uma bomba B61 de testes durante ensaios em 2017. Foto: USAF.

Respondendo ao Politico, o General Patrick Ryder, porta-voz do Departamento de Defesa, disse: “embora não discutamos detalhes de nosso arsenal nuclear, a modernização das armas nucleares B61 dos EUA está em andamento há anos e planeja trocar armas mais antigas com segurança e responsabilidade pelas B61-12 atualizadas, faz parte de um esforço de modernização planejado e programado há muito tempo. Não está […] ligado aos eventos atuais na Ucrânia e não foi acelerado de forma alguma”.

Mesmo que Ryder afirme que a troca das bombas antigas pelas atualizadas não esteja sendo acelerada, especialistas contestam. Hans Kristensen, diretor do Projeto de Informação Nuclear da Federação de Cientistas Americanos, disse que seria “estranho apressar” este movimento. “Eles [o governo] têm dito que não respondemos a esta situação com armas nucleares. Eu não acho que eles querem tomar esse caminho.”

Caça F-35A stealth lançando uma bomba nuclear tática de treinamento B61-12.
F-35A lançando uma versão de treinamento da bomba nuclear tática B61-12. Foto: Pentágono.

Por outro lado, o envio das B61-12 pode ser uma mensagem dos EUA aos  seus aliados na Europa, que se sentem especialmente vulneráveis ​​a Moscou. A Rússia ainda detém o maior arsenal nuclear do mundo, ainda que o desempenho das tropas convencionais Ucrânia seja claramente insatisfatório.

“Meu palpite é que é mais voltado para a OTAN do que para a Rússia”, disse Tom Collina, diretor de política do Ploughshares Fund, um grupo de desarmamento. “Já existem B61 [mais antigas]. Os russos sabem disso. Elas funcionam muito bem. As novas serão mais novas, mas não é muita diferença. Mas pode ser uma maneira de garantir aos aliados quando eles se sentirem particularmente ameaçados pela Rússia”.

F-15E Strike Eagle levando duas bombas B61-12. 

A B61 é uma bomba nuclear tática, desenvolvida para emprego no campo de batalha. A ogiva pode ter potência de 400 quilotons, dependendo da versão. Trata-se de um dos principais artefatos nucleares dos EUA e OTAN, que mantém centenas desses armamentos estocados na Europa desde a década de 1970, como parte da estratégia de dissuasão nuclear da organização. 

A variante atualizada tem uma ogiva de 50 quilotons, mas recebe o mesmo sistema de orientação por GPS/INS das bombas JDAM, tornando-se uma bomba nuclear de precisão. A B61 também é certificada para ser operada com caças F-16, F-15E, Panavia Tornado e, mais recentemente, pelo F-35 stealth.

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: Bomba Nuclear, EUA, Euorpa, usaexport