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JF-17 na Argentina: embaixador fala de cooperação com a China

Caças JF-17 do Paquistão

China e Argentina parecem estar cada vez mais próximas, especialmente em termos de defesa. Sabino Vaca Narvaja, embaixador do país sul-americano na China, discutiu cooperações militares com representantes da CATIC, especialmente sobre a possível compra de caças sino-paquistaneses JF-17 Thunder.

Vaca Narvaja se reuniu com executivos da China National Aero-Technology Import & Export Corporation (CATIC) na quinta-feira (11) durante o Airshow China, em Zhuhai. O tradicional evento, realizado a cada dois anos, é onde a China apresenta ao mundo suas novidades no setor aeronáutico, especialmente militar. 

Segundo a agência estatal argentina TELAM, o embaixador reforçou que o projeto de cooperação promovido pelo Ministério da Defesa pode ser “histórico e significativo para nosso país e nosso sistema de defesa e ficará na história das Forças Armadas argentinas”.

Um JF-17 paquistanês ao lado da Nanga Parbat, uma das 10 montanhas mais altas do mundo. O caça carrega mísseis PL-9 e PL-10. Foto: Asuspine, via Wikimedia.

Ele também destacou que o ministro da Defesa, Jorge Taiana, era o ministro das Relações Exteriores da Argentina quando começou a cooperação com a CATIC, marcando uma continuidade no esquema de relacionamento com a China iniciado no governo da atual vice-presidente Cristina Fernández de Kirchner.

Durante a conferência de imprensa, o embaixador destacou “a importância da cooperação com a China em matéria de defesa porque as aeronaves produzidas pela CATIC não incorporam tecnologia de nenhum país com qualquer restrição à sua venda para o nosso país”.

A fala dele faz referência aos problemas que a Argentina teve ao tentar comprar caças novos por conta dos embargos impostos pelo Reino Unido, consequência da Guerra das Falklands/Malvinas de 1982. 

Em 2015 a Força Aérea Argentina (FAA) aposentou sua frota de caças Mirage e derivados, os últimos aviões supersônicos do país. Desde então o principal vetor de defesa aérea do país é o A-4AR Fightinghawk e apenas um punhado desde jatos está disponível.

A-4 Argentina
A-4AR Fightinghawk da Força Aérea Argentina. Foto: Rob Schleiffert (CC BY-SA 2.0).

Todas as vezes que Buenos Aires – tradicional operador de aviões ocidentais – tentou adquirir aviões novos, acabou esbarrando no embargo. O país chegou a anunciar a compra de aviões KAI T-50 da Coreia do Sul, mas a presença de componentes de origem britânica acabou fazendo o negócio cair por terra. 

O problema também afeta os jatos de ataque franceses Super Etendard Modernisé, adquiridos ainda durante a administração de Mauricio Macri. “Esses aviões incorporaram tecnologia britânica e nosso país sofre com o veto britânico, o que significa que não podemos obter as peças de reposição necessárias para eles”, disse o embaixador. 

Com isso, o país passou a ver o JF-17 como uma opção e até mencionou o jato em seu orçamento. Mas ainda que o avião sino-paquistanês seja, talvez, um favorito, a FAA ainda tem olhos para o F-16 Fighting Falcon e deslocou um grupo de militares à Dinamarca para avaliar os aviões que o país está aposentando. 

O JF-17 é um caça desenvolvido pelo Paquistão em conjunto com a China (que o designa FC-1). O motor é o Klimov RD-93 de origem russa, baseado no RD-33 usado no MiG-29 Fulcrum e demais caças da família, capaz de impulsionar o caça à velocidades próximas de Mach 1.8 (cerca de 2205 Km/h). A aeronave pode empregar uma série de mísseis ar-ar e ar-solo, bombas guiadas, pods e sensores e está operacional nas forças aéreas do Paquistão, Nigéria e Myanmar. 

JF-17 Thunder, desenvolvido por China e Paquistão, poderá se tornar o novo caça da Argentina.
JF-17 Thunder, desenvolvido por China e Paquistão, poderá se tornar o novo caça da Argentina. Foto: Ibex73 via Wikimedia.

A embaixada argentina em Pequim também esclareceu que a cooperação de defesa com a China não se limita à possível aquisição de aeronaves JF-17. Buenos Aires tem avançado na negociação de blindados 8×8 fabricados pela China North Industries Group Corporation Limited (NORINCO).

Segundo TELAM, os veículos “são utilizados em missões de paz e solicitados pelo Exército Argentino”. O projeto ainda contemplaria a possível instalação na Argentina de uma fábrica para a fabricação desses veículos. O modelo não é mencionado, mas é possível que seja o Type 08. 

Neste contexto, Vaca Narvaja manteve um encontro com as mais altas autoridades da Administração Estatal Chinesa para a Ciência, Tecnologia e Indústria de Defesa Nacional (SASTIND).

Em todas as reuniões relacionadas à defesa, o diplomata manteve como ideia fundamental que a cooperação com a China deve incluir cadeias produtivas para o ecossistema militar argentino. Nesse sentido, expressou que é clara a vontade do governo de Alberto Fernández de ter um sistema de defesa que atenda às necessidades da Argentina.

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: Argentina, China, JF-17, usaexport