O Ministério da Defesa da Rússia anunciou na sexta-feira (17) que condecorou os pilotos de dois caças Su-27 Flanker, responsáveis por derrubar um drone MQ-9 Reaper norte-americano na última terça-feira (14). A aeronave remotamente pilotada dos Estados Unidos caiu no Mar Negro depois que um dos jatos russos bateu em sua hélice.
Os aviadores receberam “condecorações estaduais” das mãos do ministro da Defesa, General do Exército Sergei Shoigu, por terem impedido que o drone “violasse os limites do regime temporário de espaço aéreo estabelecido para a operação militar especial”. Segundo a nota do Ministério, “os limites da área foram comunicados a todos os usuários do espaço aéreo internacional e publicados de acordo com os padrões internacionais.”
#MQ9 #drone View of the USAF 🇺🇸MQ-9 drone from the cockpit of the 🇷🇺Russian Su-27fighter via https://t.co/Revg9eulNz Thanks and h/t @qretaxyeta pic.twitter.com/7q8nvJTm6P
— Capt(N) (@Capt_Navy) March 15, 2023
O incidente piorou ainda mais as relações entre Moscou e Washington, já bastante estremecidas desde pouco antes da invasão russa na Ucrânia, país que já recebeu bilhões em apoio internacional, especialmente por parte da OTAN.
Entenda o caso
Na tarde do dia 14, a Força Aérea dos EUA (USAF) comunicou que havia perdido um de seus drones MQ-9 Reaper no Mar Negro, resultado da colisão com um caça russo durante uma interceptação. Durante a a ação, que durou cerca de 40 minutos, os aviões russos ainda despejaram combustível no UAV.
No mesmo dia o Ministério da Defesa Russo emitiu nota, afirmando que não houve nenhuma colisão entre o jato e o avião não tripulado. “O drone voou com os transponders desligados, violando os limites do regime temporário de espaço aéreo estabelecido para a operação militar especial, comunicado a todos os usuários do espaço aéreo internacional e divulgado de acordo com as normas internacionais”, diz a nota.
No entanto, dois dias depois do incidente, o Comando Europeu das Forças Armadas dos EUA (EUCOM) divulgou um vídeo gravado pelas câmeras do próprio drone, mostrando o momento em que o jato faz contato com a traseira do MQ-9, danificando duas de suas quatro pás. O UAV caiu no Mar Negro cerca de 10 minutos após a colisão, enquanto os Su-27 voltaram para a base.
Embora o vídeo divulgado pelos EUA desminta a narrativa russa, Moscou insiste que não houve qualquer contato entre as aeronaves. Na nota divulgada ontem, sobre a condecoração dos aviadores, o Ministério da Defesa voltou a afirmar que o drone da USAF caiu no Mar Negro como resultado de uma manobra brusca, que teria resultado na perda de controle.
A pasta ainda afirma que “a aeronave russa não usou armas a bordo, não entrou em contato com o veículo aéreo não tripulado e retornou com segurança ao seu campo de pouso.”
Autoridades norte-americanas condenaram a ação russa. “Nossa aeronave MQ-9 estava conduzindo operações de rotina no espaço aéreo internacional quando foi interceptada e atingida por uma aeronave russa, resultando em um acidente e perda total do MQ-9”, disse o general da Força Aérea dos EUA James B. Hecker, comandante das Forças Aéreas dos EUA na Europa e na África (USAFE). “Na verdade, esse ato inseguro e pouco profissional dos russos quase causou a queda de ambas as aeronaves.”
A colisão também reforça acusações do Ocidente de que a Rússia (e a China) realizam interceptações inseguras e não profissionais de seus aviões, colocando em risco a integridade das aeronaves e a vida das tripulações.
“As aeronaves dos EUA e dos Aliados continuarão a operar no espaço aéreo internacional e pedimos aos russos que se comportem de maneira profissional e segura”, acrescentou o General Hecker.
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