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Boeing 777 poderá se tornar um avião-tanque para a Força Aérea dos EUA

Boeing 777-300ER Cargueiro

Uma companhia privada e um instituto acadêmico dos EUA querem transformar o Boeing 777 em um avião de reabastecimento em voo para a USAF. A ideia foi revelada pelo presidente da empresa ao portal Leeham News & Analysis. 

Jim Gibbis, presidente e CEO da Kansas Modification Center (KMC), se uniu ao National Institute for Aviation Research (NIAR) da Universidade de Wichita. Juntos eles querem converter o 777-300ER de passageiros para que ele possa abastecer as aeronaves da USAF.

A KMC e o NIAR apresentaram informações da proposta ao programa KC-Y da USAF, que busca adquirir mais aeronaves de reabastecimento em voo assim que a Boeing completar as entregas dos problemáticos KC-46 Pegasus. A própria Boeing vai disputar o contrato com o KC-46, enquanto a Lockheed Martin se aliou à Airbus para oferecer uma versão modificada do A330 MRTT, chamado LMXT

777 Conversão niar
O Boeing 777-300ER que será convertido pelo NIAR/KMC. Foto: NIAR.

As duas organizações já tinham uma parceria. Em setembro do ano passado, a NIAR recebeu um 777-300ER para conversão em aeronave de carga. O trabalho foi realizado junto da KMC. O NIAR também já tem relações com a USAF: em 2021, o instituto recebeu um bombardeiro supersônico B-1B Lancer para estudos que ajudarão a manutenção destas aeronaves. 

Em entrevista ao Leeham News, Gibbis disse que o conceito é oferecer à Força Aérea um avião-tanque não para zonas de combate de linha de frente, mas nos moldes das conversões usadas pela Omega Air.

A Omega é uma empresa privada que fornece serviço de reabastecimento aéreo fora de zonas de combate para a Marinha e Força Aérea dos EUA e alguns países da OTAN. Ela opera aeronaves Boeing 707 e McDonnell Douglas DC-10 convertidos para reabastecimento em voo. A companhia também adquiriu dois KDC-10 da Força Aérea Real Holandesa, permitindo o abastecimento de aeronaves da USAF que usam os sistema de lança e receptor. 

Um DC-10 da Omega Air abastecendo um F-35C Lightning II. Foto: Omega Air/Divulgação.

A israelense IAI Bedek também realizou conversões no 707 e Boeing 767. A Força Aérea Real do Reino Unido converteu aeronaves Vickers VC-10 e Lockheed L-1011 em reabastecedores, mas estes aviões foram substituídos pelos A330 MRTT.

No passado, a Força Aérea Brasileira operou quatro 707 convertidos nos EUA. Os jatos eram designados KC-137, mas eram mais chamados popularmente de ‘Sucatão’. Itália, Japão e Colômbia são exemplos de países que converteram o 767 para reabastecimento em voo. 

Boeing KC-767 da Força Aérea de Autodefesa do Japão.

Porque o 777-300ER

Gibbs disse que o KMC e o NIAR escolheram o 777-300ER em vez do 777-200ER ou LR como a melhor plataforma, na opinião deles. “O 777, especialmente o -300, faz muito sentido agora. É uma aeronave moderna, de tempo muito baixo, a própria aeronave pode transportar cerca de 200.000 libras em uma carga útil estrutural com modificações muito pequenas”.

 

“Você pode pegar essa aeronave, adicionar alguns recursos existentes nela, como a lança do KC-135, e simplificar o processo de transferência de combustível. Acho que você teria um avião-tanque muito capaz. Se você tem um raio de missão de 3.000 milhas, um 777 ainda pode transportar 150.000 libras de combustível.”

LATAM Boeing 777-300ER
Foto: Gabriel Melo/Aeroflap

“O -300ER tem um peso bruto maior do que qualquer outro, com exceção do -200LR. Se você observar a aeronave disponível para conversão e a matéria-prima disponível nela, o LR e o tipo de aeronave disponível para isso são muito mínimos em comparação com a matéria-prima -300ER. O -300 é uma aeronave maior, compartilha a mesma caixa de asa e muita estrutura com o -200, ou a maior parte da estrutura, além dos plugues. Precisamos injetar 100 aviões-tanque na frota e não há muitos -200LRs por aí”, disse Gibbs.

Apesar das vantagens do 777, esta seria a primeira vez que um avião deste modelo seria convertido para uso militar. O trabalho de conversão para reabastecimento em voo não é um tarefa rápida nem fácil, ainda mais em uma aeronave nova e que receberá uma lança de reabastecimento.

Ao mesmo tempo, a Boeing já tem um produto pronto e já em serviço com a USAF na forma do KC-46, mesmo com seus problemas. A Lockheed está oferecendo uma aeronave comprovada e operada por mais de 10 países e que possui o único sistema de reabastecimento completamente automatizado. 

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias

Tags: Boeing, Boeing 777-300ER, Conversão, reabastecimento em voo, usaexport, USAF