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F-22 obtêm seus dois primeiros abates em menos de uma semana, utilizando o mesmo tipo de míssil

Empregando mísseis de curto alcance AIM-9X Sidewinder, o F-22 obteve os dois primeiros abates de sua carreira, contra um balão chinês e um objeto voador não identificado (OVNI) no Alasca. Foto: USAF.

O Lockheed Martin F-22 Raptor representa a ponta da lança da Força Aérea Americana (USAF). É o primeiro avião de caça a incorporar a chamada tecnologia stealth que o torna virtualmente “invisível” aos radares inimigos. Exclusivamente operado pelos EUA desde 2005, o modelo ainda não foi superado, mas foi só no início de 2023 que o caça de superioridade aérea obteve seus dois primeiros abates, e não foram contra aeronaves de combate. 

O Raptor é considerado a joia da USAF, fruto do programa ATF (Advanced Tactical Fighter) dos anos 1980/90 que buscava uma aeronave com desempenho superior ao Su-27 Flanker, na época o melhor caça da antiga União Soviética. O F-22 também seria o substituto original do F-15 Eagle, o que não ocorreu: os altos custos de aquisição e desenvolvimento fizeram com que a USAF recebesse apenas 187 dos 750 aviões originalmente estipulados. Ao longo dos anos o F-22 também foi fonte de polêmicas, fosse por problemas (incluindo acidentes), custos operacionais e baixos índices de disponibilidade.

F-22 disparando um míssil ar-ar AIM-120 AMRAAM. Foto: USAF.
F-22 disparando um míssil ar-ar AIM-120 AMRAAM. Foto: USAF.

Embora ainda fosse considerado o melhor avião de combate dos EUA, o F-22 demorou 18 anos para obter seus dois primeiros “kills”, com menos de uma semana entre um e outro. Curiosamente, ambos ocorreram usando o mesmo modelo de míssil, o AIM-9X Sidewinder, de curto alcance e orientado por imageamento infravermelho. No entanto, ele não abateu aviões de combate. 

O Balão Chinês 

Antes de obter seu primeiro alvo aéreo, o F-22 já havia sido empregado em combate real, mas contra alvos em solo na Síria, usando bombas GBU-32 JDAM, já que possui uma capacidade secundária de ataque terrestre. O cenário para o F-22 começou a mudar dias antes, em 27 de janeiro, quando um balão de espionagem chinês (como fora mais tarde identificado), adentrou a América do Norte. 

O aeróstato vagou pelos espaços aéreos dos EUA e Canadá, até que o problema se tornou uma polêmica. O público cobrava o abate do balão chinês, enquanto o governo americano optou por derrubá-lo apenas quando estivesse sobre o mar, o que não ofereceria riscos à população. No dia 01/02 a ordem para o abate já havia sido dada pelo presidente Joe Biden, mas a operação só ocorreu três dias depois, quando o balão chegou à costa da Carolina do Sul. 

Com o alvo voando ao sabor do vento entre 60 e 65 mil pés, a USAF não teve duvidas ao selecionar o F-22 para a missão. O F-15 Eagle também poderia cumprir a missão, mas a performance superior do F-22 — com motores mais potentes com empuxo vetorado, fly-by-wire e maiores superfícies de comando — lhe dava melhores condições de voar alto e derrubar o aeróstato de Pequim.

Dois F-22 da 1ª Ala de Caça, callsign FRANK 01 e 02, foram designados para a missão. O código não era à toa, mas sim uma homenagem ao 1º Tenente Frank Luke Jr., um ás americano da 1ª Guerra Mundial, mais conhecido pelo apelido “Arizona Balloon Buster”, creditado por ter abatido 14 balões alemães e quatro aviões. Com apoio de outros dois F-15, radares de solo, aviões de busca e resgate e patrulha marítima, os F-22 subiram a 58 mil pés. Voando a Mach 1.3, o líder FRANK 01 disparou um míssil AIM-9X a 5 milhas do balão. O armamento explodiu ao lado do alvo, destruindo-o completamente. Assim foi o primeiro abate do Raptor. 

O OVNI do Alasca

Menos de uma semana depois da derrubada do balão, os F-22 voltaram aos ares para um novo abate, dessa vez no Alasca. No dia 09 de fevereiro, radares do Comando de Defesa Aérea da América do Norte (NORAD) detectaram um objeto voador não identificado (OVNI) adentrando o espaço aéreo dos EUA pela costa alasquiana.

Caças F-22 da Base Aérea de Elmendorf foram os responsáveis pelo abate de objeto não identificado no noroeste do Alasca. Foto: USAF.
Caças F-22 da Base Aérea de Elmendorf foram os responsáveis pelo abate de objeto não identificado no noroeste do Alasca. Foto: USAF.

Um F-22 foi enviado para identificar o objeto, que voava lentamente a 40 mil pés e apresentava uma ameaça ao tráfego aéreo civil. Na manhã do dia seguinte, Biden ordenou o abate do objeto, o que foi realizado por um par de F-22 da 3ª Ala de Caça da Base Aérea de Elmendorf. Novamente, um dos aviões disparou um AIM-9X contra o alvo, que caiu na região noroeste do estado, perto da fronteira com o Canadá. Este foi o segundo abate para o currículo do Raptor.

Segundo o Secretário de Imprensa do Pentágono, Brigadeiro Pat Ryder, equipes de busca já estavam procurando pelos destroços do objeto, que segundo ele tinha o tamanho de um carro pequeno. Também não há detalhes sobre capacidades, propósitos ou origem do instrumento, que de acordo com Ryder, não era similar em formato ou tamanho ao balão derrubado dias antes. O Brigadeiro disse que o campo de detritos já foi mapeado e que os pedaços recuperados já foram catalogados, registrados e enviados para análise. 

AIM-9X

Nos dois casos os F-22 fizeram uso do mesmo armamento, o AIM-9X Sidewinder, a variante mais moderna do míssil ar-ar mais popular em uso no mundo. O armamento tem suas origens em 1947, oficialmente entrando em operação na década de 1950 com a Marinha e Força Aérea dos EUA. O míssil é usado principalmente em combates a curtas distâncias, dentro do alcance visual, e “persegue” o alvo por meio de sua assinatura infravermelha, o calor. 

Caça F-22 Raptor disparando um míssil ar-ar AIM-9X Sidewinder durante ensaios de integração. Foto: Força Aérea dos EUA.
Caça F-22 Raptor disparando um míssil ar-ar AIM-9X Sidewinder durante ensaios de integração. Foto: Força Aérea dos EUA.

Com o tempo foi recebendo uma série de atualizações na ogiva, buscador (seeker), aletas de manobra, motor-foguete e demais componentes até chegar na versão mais nova e atual, utilizada pelo F-22 para derrubar o balão chinês de espionagem e o OVNI do Alasca. O Raptor pode carregar dois Sidewinders, transportados internamente nas baias laterais, que se abrem no momento do disparo.

Segundo a Raytheon, atual fabricante do míssil, o AIM-9X é usado por outros 31 países e pode ser empregado contra alvos aéreos ou em solo. A subvariante Block II incorpora uma espoleta reprojetada e um dispositivo de segurança de ignição digital para melhorar o manuseio e a segurança em voo. Ele é equipado com componentes eletrônicos atualizados, incluindo a capacidade lock-on-after-launch, travando no alvo depois de ser disparado por meio de um novo datalink. 

Futuro da aeronave

O F-22 vai completar 20 anos de operação em 2025, sendo o primeiro caça de 5ª geração do mundo, mas a USAF já está trabalhando no desenvolvido do seu substituto, o Next Generation Air Dominance (NGAD) de 6ª geração. A Força Aérea alega já ter testado um demonstrador de tecnologia do projeto, que busca a criação não só de um avião de caça, mas sim de uma família de sistemas, onde a aeronave é a peça central. Até lá, o F-22 segue como o mais potente caça da USAF. 

Next Generation Air Dominance. Imagem: Lockheed Martin.
Next Generation Air Dominance. Imagem: Lockheed Martin.

Detalhes sobre o F-22 Raptor

Função: caça multimissão de superioridade aérea;
Fabricantes: Lockheed Martin e Boeing; 
Motores: 2x turbofans Pratt & Whitney F119-PW-100, com 35 mil libras de empuxo por motor;
Envergadura: 13,6 metros;
Comprimento: 18,9 metros;
Altura: 5,1 metros;
Peso: 19.700 kg;
Armamentos: AIM-9M/X Sidewinder, AIM-120 AMRAAM, GBU-32 JDAM, GBU-39 SDB, 1x canhão rotativo de 20mm M61A2 Vulcan; 
Velocidade: Mach 2.25 (2400 Km/h) em grande altitude; 
Teto de serviço: 65 mil pés;
Custo unitário: US$ 143 milhões (cerca de R$ 745,76 milhões);
Aeronaves em operação: 183.

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: AIM-9X, F-22, Míssil, usaexport, USAF