A Suécia rejeitou o pedido da Ucrânia para a transferência de caças Saab JAS-39 Gripen. E, guerra com a Rússia a quase 10 meses, Kiev tem solicitado a doação de caças modernos a todos seus parceiros ocidentais, sem obter êxito até o momento. 

“Para ser sincero, não há planos para enviar aviões Gripen”, disse o  Ministro da Defesa sueco Paul Jonson, ao lado de seu colega ucraniano Aleksey Reznikov, durante uma coletiva de imprensa no Centro de Mídia Odessa-Ucrânia. Paul ainda reforçou que “acha que os aviões são bons”, apesar de não estarem inclusos no mais recente pacote de auxílio militar ao país do Leste Europeu. 

Reznikov não comentou a fala do colega, mas ele já havia expressado previamente a esperança de que seu país eventualmente consiga caças ocidentais. Campanhas ucranianas, inclusive com pilotos militares, citam caças F-16, F/A-18, F-15 e até o próprio Gripen.

A transferência de jatos de combate à Ucrânia tem sido um problema polêmico desde fevereiro, quando a Rússia invadiu o país após meses de tensão na fronteira. A Força Aérea Ucraniana (UAF) depende de velhos aviões MiG-29 Fulcrum, Su-24 Fencer, Su-25 Frogfoot e Su-27 Flanker para se defender de modernos jatos russos, como Su-30, 35 e 34, além do caça furtivo Su-57 Felon, que teria sido usado pela Rússia na campanha. 

Mesmo que alguns dos aviões ucranianos tenham sido atualizados, a aviônica embarcada não se compara à encontrada nos caças de Moscou. Além disso, a infraestrutura da UAF foi seriamente afetada pelos ataques russos, e não se sabe quantos aviões estão disponíveis e nem como estão sendo mantidos. 

Em meados de março a Polônia disponibilizou sua frota inteira de caças MiG-29 ao país, que seriam transferidos através dos EUA, o que nunca aconteceu. O mais recente desenvolvimento nesse assunto caiu nas mãos da Eslováquia, cujo Ministro da Defesa confirmou que os MiGs do país estão prontos para o envio à Ucrânia. Se o acordo seguir em frente, será a primeira doação de aviões completos à Kiev, que até agora recebeu apenas helicópteros e material de manutenção. 

A Ucrânia chegou a treinar, informalmente, um grupo de pilotos para voar o jato de ataque A-10 Thunderbolt II dos EUA, mesmo que Washington sequer tenha sinalizado para a doação desses aviões. Outro punhado de aviadores também foi selecionado para treinamento em caças do Ocidente, mas isso também não deve acontecer tão cedo. Ao mesmo tempo em que tem recebido bilhões em auxílio militar dos EUA e OTAN, que incluem drones e sistemas de defesa aérea de maior ou menor capacidade, a Ucrânia ainda não ganhou nenhum de seus tão almejados aviões de combate. 

Um recente estudo do think-tank britânico RUSI apontou o JAS-39 Gripen como o melhor caça a ser enviado à Ucrânia. No documento, os pesquisadores apontam o Gripen como ideal por sua capacidade de pouso em estradas, manutenção enxuta, baixo custo operacional e a capacidade de usar mísseis de médio e longo alcance como o AIM-120 AMRAAM e o MBDA Meteor. Cabe destacar que a Ucrânia já recebeu mísseis AMRAAM, não para uso em aviões mas sim com o sistema antiaéreo NASAMS.

Um parlamentar sueco chegou a endossar a possível venda/transferência dos Gripens à Kiev. “Minha visão é simples. A Ucrânia quer comprar o JAS [Gripen], e devemos dizer sim. Não é mais difícil do que isso”, disse Magnus Jakobsson, do Partido Democrata Cristão, em entrevista no mês passado. 

Ainda que tais movimentos tenham algum apoio político, o medo de que a Rússia veja isso como uma grande escalada tem feito o Ocidente recuar a ideia de enviar caças aos ucranianos. Kiev não deverá obter caças ocidentais tão cedo, sejam os JAS-39 Gripen suecos ou os F-15, 16 e 18 norte-americanos.

Com informações de Eurasian Times